Parei onde outrora florescia um grande bambuzal, uma encruzilhada, que era assim mesmo chamada, encruzilhada, hoje vejo como e interessante os nomes de lugares num lugar ermo...
Desci faceiramente o morro, já antevendo o caminho a ser percorrido, curto motorizado, mas no meu caso, a pé, longo. Passei pela barreira da fiscalização, divisa entre Minas e Espírito Santo, subi calmamente o morrinho que levava pra estrada principal, contemplei o pé de jatobá, célere e tranqüilo apesar de seus cem anos ou mais, percorri lentamente cada metro da estrada...
A ponte de madeira, quase uma sombra da imponente ponte de outrora, perigando cair, me traz de volta aos dias atuais... Zulego, o melhor cavalo de charretes que eu já conheci, quantas vezes cruzamos aquela ponte às disparadas, fazendo medo nas meninas e nos vangloriando de nossa valentia e habilidade em tocar uma charrete... Mais uma curva e começo a ver o curral (estábulo) a entrada grande, as divisórias para bois e vacas, o tronco, onde entravam duas de cada vez, laçávamos suas pernas as ordenhávamos o leite puro e fresco, tomado as canecadas ali mesmo. Os bezerros recém paridos, uma atração à parte. O caseiro Moraes, seu filho Carlinhos. Minha briga eterna com Moraes por não ter tido filhas (mulheres fazem falta). Alguns passos mais e a casa grande com seu alpendre (Uma grande varanda) a garagem onde cabiam dois caminhões, e onde ficavam guardadas as charretes e o Jipe que meu avô nunca dirigia, sempre andava a cavalo mesmo ou tinha motorista... A subidinha levava a frente da casa, a direita o galinheiro, a esquerda o chiqueiro, na entrada um forno a lenha onde o motivo destas linhas esperava tranqüilo e cheiroso... Casa grande... Mas o que importava era o cabrito assado, o ritual da passagem... Meu ultimo natal e ano novo lá foi a 25 anos... Hoje está vivo em minha memória...
Feliz é alguém que tem sonhos e corre atrás deles...
Feliz é quem tem lembranças vivas na memória...
Eu sou feliz! Sejam felizes!
José Ambrósio